Como e porque devemos cuidar do nosso cérebro à medida que envelhecemos
10/10/2021

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL

O Dr. André Rodrigues, médico coordenador das Residências emeis em Portugal, explica a importância de cuidarmos do nosso cérebro e como podemos fazê-lo, numa altura em que assinalamos o Dia Mundial da Saúde Mental.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa, mais de um quinto dos portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%). As perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, mais do que as doenças oncológicas (10,4%) e apenas ultrapassadas pelas doenças cérebro-cardiovasculares (13,7%). O cérebro é um órgão muito valioso, na verdade o cérebro “somos nós”. Ele é misterioso e desconhecido, complexo e fascinante. A pandemia de Covid-19 “suspendeu” a vida social e grande parte das atividades a que estávamos habituados. As rápidas e inúmeras mudanças e o ritmo de vida na sociedade atual, estão constantemente a testá-lo. Portanto, é fundamental que cuidemos dele à medida que vamos envelhecendo.

POR QUE CUIDARMOS DO NOSSO CÉREBRO?
Cuidar da saúde do nosso cérebro é sinónimo de plenitude e qualidade de vida. O poder do autocuidado depende de nós. Ter um estilo de vida saudável pode retardar o envelhecimento do cérebro, prevenir o desenvolvimento de algumas doenças e também retardar o aparecimento ou a progressão de outras. É também importante reduzir os fatores de risco para o aparecimento e progressão de distúrbios neurológicos.

DICAS PARA MELHORAR A SAÚDE MENTAL
“Manter bons hábitos de alimentação, repouso e atividade física moderada, bem como aprender a lidar com fatores de stress, reforçar a nossa vida social e ter hobbies são alguns dos segredos para melhorar a nossa saúde mental”, explica o Dr. André Rodrigues, médico coordenador das Residências emeis em Portugal.

Desenvolver e aumentar a reserva cognitiva é uma estratégia altamente eficaz. Desenvolver o interesse em aprender, cultivar-se e estimular o desejo de experimentar novas aprendizagens é possivelmente uma das melhores ferramentas para evitar o declínio cognitivo. Nunca é tarde para aprender coisas novas. O cuidado que temos com os nossos neurónios ao longo da vida, pode e será decisivo diante da deterioração, seja ela típica da idade ou adquirida por alguma doença, demência ou súbito dano cerebral.

A criação de novas conexões neurais estimula a expansão e o cuidado do nosso cérebro. Ele estimula o desenvolvimento de um cérebro resiliente. Ao estabelecer novas sinapses, construímos um cérebro mais saudável e desenvolvido, que vai durar mais tempo e irá combater as adversidades da deterioração com maior qualidade de vida.

COMO MELHORAR A RESERVA COGNITIVA
O cérebro é um órgão em constante expansão, estimular a curiosidade e fomentar o interesse pela aprendizagem será fundamental para aumentar a sua resistência. “O saber não ocupa lugar”, “nunca é tarde para aprender”, são algumas das motivações que nos incentivam para nos continuarmos a instruir.
“Através da curiosidade, do prazer e da inquietação, será mais fácil nos motivarmos a aprender e a aproveitar o potencial das capacidades do nosso cérebro. Através das nossas emoções, alimentamos a inquietação e o desejo de saber. Aprender e ter um nível cultural elevado pode tornar-se num desafio divertido. É importante começar esta aventura com aspetos de que gostamos, que nos motivam ou que nos atraem mais”, explica o Dr. André Rodrigues.

Exemplos práticos:
– Através do cinema: podemos melhorar a nossa reserva cognitiva vendo um filme por exemplo. No final podemos discutir sobre ele, investigar sobre a carreira cinematográfica dos atores, diretores, ler sobre o momento histórico em que se desenvolveu, pesquisar sobre os locais onde foi gravado, são alguns dos exemplos.

– Ler notícias: Estar informado e atualizado sobre a situação social, política e histórica em que vivemos é um pequeno exemplo de como promover esse desenvolvimento. Ler os jornais, assistir aos noticiários e estar atento às situações que ocorrem, vai ajudar a ter ferramentas e competências para comunicar, partilhar e poder opinar sobre diferentes situações.

– Mudar as rotinas: A melhor forma de se estimular cognitivamente é através da própria vida e daquilo que é o nosso dia-a-dia. Ser proactivo e estar disposto a esforçar-se para quebrar algumas das rotinas que nos são confortáveis e automatizadas para pouparmos esforços é um exemplo. Mudar o caminho que fazemos sempre para o trabalho e mudar o supermercado que costumamos ir normalmente estimula as habilidades viso espaciais entre outras capacidades. Alterar as refeições que costumamos preparar ou experimentar assistir a outro programa de televisão também são bons exemplos. A ideia é sair da rotina e ousar fazer diferente.

– Viajar: Há quanto tempo não viajamos? Claro que todos desejamos fazê-lo com mais frequência, mas nem sempre é possível. No entanto, podemos explorar e descobrir realidades e pontos de vista diferentes do habitual. Podemos passear por outros bairros que não o nosso, sair para conhecer uma cidade próxima ou experimentar novos restaurantes.

– Ter hobbies: A vida agitada e o ritmo do dia a dia podem fazer-nos negligenciar aspetos de que desfrutávamos no passado. Por que não voltar a olhar para os objetivos pendentes? Aquela aula que sempre nos quisemos inscrever, aqueles hobbies que tínhamos e gostávamos, hoje pode ser um ótimo dia para os retomar. Não devemos abandonar os nossos objetivos e sonhos. Experimentar novos desafios, procurar passatempos que nos façam felizes e que signifiquem pequenos desafios.

– Jogar jogos de tabuleiro: através do jogo podemos fortalecer a nossa reserva cognitiva. Jogar jogos de tabuleiro que reforcem e nos ajudem a exercitar a nossa atenção, concentração e assim aprender a desenvolver estratégias para armazenar e recuperar as informações aprendidas. Estimular a memória e atenção através de brincadeiras pode ser muito divertido e funcional para a vida toda, bem como para enfrentar o declínio cognitivo futuro.

Através da diversão inerente aos jogos, reforçamos e estimulamos habilidades como o controlo dos impulsos e o controlo de comportamentos automáticos ou pré-estabelecidos. Podemos também fortalecer a capacidade de planeamento e estratégia que serão ferramentas essenciais para as nossas vidas. Através dos jogos podemos treinar ainda a tomada de decisões, o raciocínio e a dedução, entre outras habilidades.
Muitos jogos podem ajudar-nos a estimular e a melhorar a nossa capacidade de adaptação às mudanças, estimular pensamentos criativos, promover uma melhor capacidade de adaptação e flexibilidade para aprender a resolver situações novas, inesperadas, imprevistas ou antecipadas que a própria vida certamente nos trará. Eles também podem estimular e reforçar as habilidades viso-espaciais e percetivas.

– Aprender uma palavra nova: a linguagem, a capacidade de nos expressarmos, de descrevemos e compartilharmos opiniões e sentimentos é essencial para podermos cultivar e melhorar a nossa reserva cognitiva. Fortalecer o vocabulário através da leitura e da escrita e, assim, melhorar a capacidade expressiva é essencial. O comprometimento cognitivo e os fatores emocionais interferem e prejudicam o nosso acesso ao vocabulário e a capacidade de nos expressarmos. Aprender uma palavra nova a cada dia, usar novos termos que adquirimos na nossa linguagem, reforçar uma língua ou aprender uma nova também são estratégias de aprendizagem através das quais preservamos e melhoramos as nossas sinapses neurais.

 “É possível melhorar as habilidades de autorregulação cognitiva e emocional, bem como a tolerância à frustração através destes conselhos. Desenvolver a empatia irá também ajudar-nos a ter uma melhor qualidade de vida social, mas é também importante entender que existem limites, que às vezes perdemos outras vezes ganhamos, mas que fazer parte da vida e “viver” é essencial”, conclui o Dr. André Rodrigues.

 

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